sábado, 19 de maio de 2012

Senado analisa projeto de lei que exige conteúdo científico durante missas e cultos na TV

Lendo blogs pela rede, acho o site'Coluna Ciência' e uma de suas postagens me chamou atenção e tive que reblogar, por favor gastem uns 4 minutos de suas vidas lendo essa matéria, realmente é muito boa e esclarecedora, claro, opinião do blog...


Se algum leitor religioso achou o título desta postagem absurdo, pode ficar tranquilo, ninguém proporia tal maluquice. Mas o espanto ao ler uma manchete dessas é semelhante ao que alguém preocupado com a educação científica da população sente ao se deparar com campanhas propondo conteúdo religioso nas aulas de ciência, conforme pode ser observado no inacreditável vídeo ao final deste artigo.


Religiosos mais sensatos, claro, não defendem que teorias criacionistas invadam especificamente as aulas de ciência, mesmo assim acham indispensável que o conteúdo religioso seja oferecido aos alunos do ensino fundamental e médio da rede pública.

Um dos argumentos mais utilizados para insistir com essa ideia é que sem religião os indivíduos cresceriam sem uma clara noção do bem e do mal. O argumento não é apenas equivocado, mas como veremos claramente insultuoso.

Afirmar que apenas através da religião podemos criar indivíduos com a correta noção do que é bom e justo é, em outras palavras, afirmar que casais ateus ou agnósticos estão desprovidos da capacidade de educar seus filhos de acordo com os princípios morais que devem nortear nossa sociedade. Mediante uma dedução lógica, devemos concluir que há uma falha moral -ou de algum outro tipo- nessas famílias que lhes impede passar à sua prole as noções fundamentais relacionadas com a honestidade, generosidade, altruísmo, e outras virtudes. Esta “falha” seria compensada por uma educação escolar religiosa.


O projeto de Lei n° 309/2011 "Papai do Céu na Escola", instituindo o ensino religioso obrigatório nas escolas públicas tramita atualmente no Congresso Nacional. Entre os objetivos do projeto "... disseminar, de uma maneira lúdica, a diversidade religiosa do país, os valores morais, a cultura da paz e o respeito às diferentes crenças.". Seu autor, o deputado federal e pastor Marco Feliciano, é o mesmo que tempos atrás  publicou no Twitter “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss”.

As religiões, que tão zelosas se mostram para defender seus seguidores dos ataques que os céticos fazem aos implausíveis dogmas que sustentam, parecem não ter igual cuidado ao imputar aos não crentes esse tipo de acusação tão leviana e ofensiva. A nossa não é (ainda) uma sociedade litigiosa, mas nos Estados Unidos casais ateus e agnósticos já estão entrando na justiça por causa desse tipo de opinião emanada de autoridades religiosas.

O argumento tampouco encontra respaldo em relação ao que sabemos sobre como nosso cérebro forma os conceitos do bem e do mal, e como esses mecanismos foram amadurecendo em nossa longa jornada evolutiva.

Cedo em nossa evolução aprendemos que a possibilidade de sobreviver e ter descendentes em um ambiente hostil seria maior vivendo em grupos que de forma isolada. Nem todas as espécies seguiram esse caminho evolutivo, mas muitas sim.

Entretanto, viver em grupo não é fácil. É necessário criar regras de convívio. Isto pode ser observado em todos os animais gregários. Existem comportamentos que devem ser seguidos e muitas vezes uma hierarquia que deve ser obedecida. Em animais mais simples como as abelhas, por exemplo, boa parte dessas “normas” provavelmente vem já inserida em seu código genético, de forma que o indivíduo adulto é capaz de desempenhar os comportamentos que são benéficos para ele e para o grupo. Em animais mais complexos, além do aspecto genético a capacidade de aprender -que também tem uma base genética- desempenha um papel fundamental.

Grupo de suricatos enfrentando um predador. Comportamento cooperador e altruísta
pode ser observado em várias espécies, e pode ser a base de nosso apurado senso moral.  Foto: Tim Clutton-Brock


Comportamentos individuais inadequados geram tensões dentro do grupo, o que pode acabar destruindo sua unidade. O grupo torna-se vulnerável e num ambiente competitivo -como o que tiveram que enfrentar os primeiros hominídeos nas savanas africanas- grupos mais coesos e organizados prevalecem, passando sua bagagem genética e cultural aos seus descendentes. O grupo que não soube controlar os comportamentos individuais de forma a permitir a sobrevivência geral sucumbe. A seleção natural parece ter atuado sobre essas características por milhares de anos, não apenas sobre os indivíduos, mas também sobre os grupos. Esta ação deixou suas marcas na estruturação de nossos circuitos cerebrais.

Aparentemente já nascemos com algo parecido com um senso moral. À medida que nosso cérebro vai amadurecendo com a idade, os circuitos que nos fazem sentir felicidade e orgulho por fazer o bem, e culpa e vergonha ao fazer o mal se consolidam. O que muda é apenas o que catalogamos como mal e como bem. Isto difere em cada sociedade e em cada período da história. Matar, teoricamente, entra na “gaveta” do mal, mas ao matar em nome de deuses ou da pátria, o mesmo ato pode ir para a “gaveta” do bem. O que importa é que todos os seres humanos normais experimentamos sentimentos prazerosos ao fazer (ou pensar em fazer) aquilo que nosso grupo social considera bom, e sentimentos negativos ao fazer o mal. Quando isto não ocorre, escorregamos para a área das sociopatias.

Como vimos, esse sentimento evoluiu a partir de comportamentos que foram selecionados e, o mais importante, precede nossa crença em deuses. Em outras palavras, os deuses apareceram quando já conseguíamos diferenciar o certo e o errado. Por isso o argumento em que se baseia a educação religiosa nas escolas é incorreto.


É provável que em sociedades humanas primitivas e desprovidas do conhecimento que hoje dispomos, códigos como os representados pelos livros sagrados das grandes religiões monoteístas atuais fossem necessários para assegurar a obediência a normas que permitissem a sobrevivência do indivíduo e do próprio grupo. Mas hoje, um sistema educacional moderno seria capaz de formar cidadãos empáticos e solidários, comprometidos com o conhecimento e o bem comum, sem a necessidade de ameaçar as crianças com os terríveis castigos infernais. Por outra parte, sem a doutrinação religiosa seria reduzida a possibilidade de jovens caírem nas garras dos fundamentalistas que tanto ódio, morte e intolerância têm semeado em nossa história recente.


Atenção! 

Ao contrário do título desta postagem, este filme não é brincadeira.

Fonte: Coluna Ciência


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