quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Txaimus: Os Chimes de Pernambuco

A profunda expressão musical retirada dos Chimes, que toma conta da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desvendada em entrevista sobre sua música.

Quando tive meu primeiro contato virtual com o Txaimus me surpreendi com sua sonoridade fabulosa, logo me interessei pelo grupo e parti para a ação, fui atrás de informações sobre o Txaimus e sobre os chimes, que do inglês significa: Carrilhão (instrumento musical de percussão) ou harmonia de sons. Chimes são instrumentos pouco conhecidos, embora não passem de sinos estilizados, não tem formato tradicional, são metálicos de forma cilíndrica, com sonoridade superior aos demais sinos.
Desde sua criação o professor, Flávio Medeiros, titular das cadeiras de Iniciação Musical e Prática de Conjunto do Departamento Música do Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE, rege o grupo Txaimus com toda sua experiência e paixão.
Júlio César, um ex-aluno e também integrante do grupo e igualmente apaixonado pelo Txaimus, apesar de todo o contratempo, por estar a algumas horas de uma apresentação pública, concedeu uma descontraída e esclarecedora entrevista após uma tarde de ensaios do grupo no CAC.
Preparação do grupo para ensaio.
Início da Entrevista... 
Fernando Monteiro: O Que é o Txaimus?

 Júlio César: Txaimus é um grupo ligado a universidade Federal de Pernambuco que tem um compromisso com a música brasileira. O nome Txaimus foi inspirado de um álbum de Milton Nascimento (Txai). A palavra Txai significa: mais do que companheiro, a outra metade de mim, na  língua dos índios da Tribo Kaxinawá, do Acre e MUS de música formando a palavra Txaimus que muito se assemelha com o nome do instrumento Chime que é de origem asiática mas mais difundido na América do Norte. O sentimento os componentes deste grupo tem tudo a ver com o significado desta palavra. O Txaimus é grupo onde o companheirismo é indispensável pois dependemos um do outro para que se possa realizar o trabalho.

F.M: De onde partiu a idéia para criar um conjunto de chimes?
                  
 J.C: Existe uma disciplina no curso de música chamada prática de conjunto onde uma das é feita com os chimes.  O professor começou a ter “problemas”, pois os alunos de prática não queriam deixar o grupo que acabou sendo fixo. Como prática de conjunto o grupo de chimes tem mais de 10 anos, como Txaimus desde 2006.

F.M: Por ser um projeto tão inovador, o público reage de alguma maneira diferente? Mais positiva?

J.C: É muito interessante a reação dos ouvintes. Primeiro por não conhecer o instrumento e depois com a sonoridade que é produzida. Por ter um som delicado, as pessoas ficam emocionadas em ouvir canções como Garota de Ipanema ou Saudades d’ocê nestes instrumentos. Uma característica do grupo é também misturar timbres e performances, então nas apresentações pode ser ouvido chimes com acordeom, com escaleta, violão  entre outros como a percussão já faz parte do contexto do grupo.Também acrescentamos  danças e outras idéias que vão surgindo na elaboração do show. Tudo isso torna uma apresentação diferenciada e a atenção e reação do público é a melhor possível.


F.M: Os gêneros musicais utilizados pelo Txaimus são bem variados, e tem uma forte valorização da cultura regional. Como vocês selecionam esses gêneros para combiná-los?

 J.C: A proposta do grupo é trabalhar música brasileira e de preferência de compositores pernambucanos. Os arranjos são feito pelos próprios componentes e é o que faz o grupo ser tão especial.
              
F.M: Txaimus sem dúvida alguma deve chamar mais atenção por ser diferente do comum, porém não há tanta divulgação em torno do projeto. O que foi, está e pensa em ser feito para divulgar essa expressão tão particular de vocês?

J.C: Temos nos empenhado o máximo para divulgarmos o Txaimus. Mas o processo é complicado. Hoje contamos com um DVD que foi gravado no Museu do Homem do Nordeste, um site que está sendo melhorado, um blog que administro, o público. Basicamente isso. Acredito que a internet ainda é o nosso maior canal de divulgação.

Txaimus em meio a apresentação em Igreja.
F.M: Toda arte tem sua importância, a Música dentro da arte em geral é mais libertadora e mais expressiva por ser facilmente identificada nos quatro cantos do mundo. Como os integrantes de um projeto tão interessante e diferente que é o Txaimus se dedicam em suas atividades com o grupo?

J.C: Dividindo-nos em muitas partes. Todos são profissionais de música e tem seus empregos outros ainda fazem parte da Universidade concluindo  a graduação ou pós então tempo é um dos nos nossos maiores inimigos. Temos apenas um ensaio por semana o que ajuda mais não é o ideal.

F.M: Quanto o Txaimus está presente na rotina de seus integrantes se tratando de ensaios e  apresentações?

J.C: Bem, ensaiamos uma vez por semana e nossas apresentações dependem muito de momentos e de disponibilidade dos integrantes. Como disse antes, todos têm atividades e conciliar 16 agendas é complicado. Sempre alguém tá fazendo algum “sacrifício”.

F.M: Profissionais, alunos, amantes da música ou ambos? Como são definidos os integrantes do Txaimus?

J.C: Todos são profissionais de música. Educadores, instrumentistas, regentes são alguns dos perfis.

F.M: E o grupo Txaimus, é considerado um grupo profissional?

J.C: Por se tratar de um grupo especializado no que faz, sim.

Flávio Mederios, maestro do grupo.
F.M: Qual a relação entre o Txaimus e o Departamento de Música da UFPE?
             
J.C: O grupo tem uma ligação por ter surgido nas disciplinas do curso de música através do Professor Flávio Medeiros que é professor na Universidade Federal de Pernambuco nas disciplinas de prática de conjunto, cano coral e educação musical.

F.M: Para que direções os ventos da música já levaram o Txaimus? Já cruzaram ou pensam em cruzar a fronteira nacional?

J.C: O Txaimus já tocou em diversos lugares. Engraçado você perguntar sobre cruzar fronteiras, o grupo ficou mais conhecido depois de termos feito uma temporada na França. Já fizemos alguns estados do nordeste e interior de Pernambuco. Tocamos mais no Recife e região  metropolitana. Estamos no programando para entrar no circuito sul/sudeste.


F.M: Há patrocínio financeiro ou apoio cultural para o projeto do Txaimus?

J.C: Não. Todos os gastos são bancados pelos integrantes do grupo. Infelizmente não conseguimos contatos que nos possibilitassem este apoio. O que é uma pena. É um grupo inédito que faz um trabalho singular e original.

F.M: Como integrante do grupo, quando você fala sobre o Txaimus o que vem em sua cabeça ao saber que faz parte de algo tão importante para a cultura de Pernambuco?

 J.C: No período em que você combinou de fazer a entrevista estávamos nos preparando para um concerto e é complicado porque temos muitos aparatos para organizar. Se esquecermos alguma coisa compromete a apresentação, então eu estava muito agitado por conta da responsabilidade. E posso respondê-lo com esta palavra, “responsabilidade”! Sei que tenho uma responsabilidade em divulgar a verdadeira música brasileira com compromisso e verdade, para o meu estado que tem um berço cultural imenso, para com o meu país tão rico em sons e possibilidades e para o mundo mostrando a música brasileira.

F.M: Muito obrigado por conceder essa oportunidade Júlio, é mais que um presente realizar essa entrevista sobre o Txaimus.

J.C: Foi igualmente um prazer Fernando.


Para finalizar, confira uma apresentação do grupo no vídeo abaixo:

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